20 março 2008

Montevideo em três momentos

En El Perro que Fuma
Estive em Montevideo há uns dois anos atras. Cidade fantástica. O povo uruguayo é maravilhoso. Estou para conhecer gente mais hospitaleira.
Chegamos de carro num sábado à tarde por volta da 15 horas. Fomos direto ao Mercado do Porto comer uma parrillada (chinchulin, tripa gorda, molleja, timo, sesso, ubre...). Estacionei pela parte de trás do Mercado, ao lado da Aduana. Quase chegando no Mercado encontrei um bar chamado El Perro que Fuma. Boteco de primeiríssima qualidade. Mesa de sinuca, travestis, negros murguentos (de las murgas de carnaval) e bebida. Sobre o balcão um bull-dog de loça com um cachimbo na boca. Ligado na tomada el perro fumava! O bar havia sido fundado por desertores da marinha inglesa em 1908. Provavelmente o boteco mais antigo das Américas. Com tristeza fiquei sabendo que foi fechado pela Intendência de Montevideu por não cumprir "normas".

Com el Negro Poli
Saindo do Mercado, por volta das 17:30 demos uma volta na Ciudad Vieja e fomos em direção a 18 de julio, principal avenida de Montevidéu. Chegando na esquina da 18 com Andes encontro um vendedor de equipamentos para chimarrão e alpargatas de coro. Perguntei o preço das alpargatas e o sujeito chegou bem ao meu lado e lascou:
-Sos el Canga, no?
Levei um susto! Era o Negro Poli, amigo meu de Artigas que há muito morava em Montevidéo. Em 74 estive em seu apartamento na calle Democracia, com meu amigo Uacauã Bonilha. Vinhamos de Buenos Aires em andanças políticas. Soube, naquele dia, que depois da minha saída foram todos em cana, por Tupas. Mala suerte!
Passei uma tarde com o Poli vendendo cuias e bombas de chimarrão. Amigaço!

Los Tupas
No outro dia acordamos cedo e resolvemos caminhar do bairro Pocitos, onde estávamos hospedados, até a famosa feira da Tristán Narvaja. Coisa de duas horas. A feira virou um mercado persa. Se vende de galinhas a livros. Mas o que me chamou a atenção foi a sede central do Movimiento de Liberación Nacional Tupamaros instalada legalmente. Não que não soubesse que estavam legalizados havia anos mas me pareceu muito estranho ver uma placa escancarada com o nome Tupamaros. No tempo que andava por aquelas plagas, apenas citar o nome Tupamaros podia ser motivo para prisão. Sempre o conheci na clandestinidade. Sem medo de ser feliz fiz a foto. Taí!

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